Simples, indolor e capaz de detectar doenças cardíacas nos recém-nascidos, o Teste do Coraçãozinho, nome popular do exame de oximetria de pulso, ainda é pouco difundido no Brasil. Em alguns estados, como no Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro, ele já é obrigatório, mas a aplicação em escala federal ainda aguarda tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei (PL) 484/2011, de autoria do senador Eduardo Azeredo. O PL altera o Estatuto da Criança e do Adolescente incluindo vários testes de triagem neonatal, entre eles o do coraçãozinho.
O teste deve ser realizado entre 24 e 48 horas após o nascimento, antes da mãe e do bebê terem alta. Leva menos de cinco minutos e consegue identificar problemas no coração antes do aparecimento de quaisquer sintomas.
A cardiopediatra Sylvia Liana Cartolano, membro do Departamento Científico de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que duas pulseiras são colocadas na mão direita e outra em um dos pezinhos do bebê. “O oxímetro de pulso serve para medir a quantidade de oxigênio no sangue, por meio de um monitor ligado às pulseiras. Se a taxa de saturação do gás estiver abaixo de 95%, há a possibilidade de haver algum distúrbio no coração. É extremamente importante detectá-los a tempo, pois assim é possível realizar intervenções cirúrgicas rapidamente e requisitar exames mais complexos e especializados ainda antes de o bebê sair do hospital”.
Ainda de acordo com a doutora, qualquer maternidade que tiver o oxímetro pode fazer o teste na criança, basta que a mãe faça a solicitação com antecedência.
Segundo a Associação de Assistência à Criança Cardiopata – Pequenos Corações (entidade sem fins lucrativos com sede em São Paulo), nascem no Brasil aproximadamente 23 mil crianças com problemas cardíacos por ano, ou seja, a cada 100 crianças nascidas vivas, uma é cardiopata. Tal condição se define pela presença de qualquer anormalidade na estrutura do coração que surja nas primeiras oito semanas de gestação. Esse tipo de problema decorre de alterações que acontecem ainda no desenvolvimento embrionário, mas muitas vezes sua existência só é verificada no nascimento ou anos mais tarde.
Alterações cardíacas constituem o defeito congênito mais comum e uma das principais causas de óbitos relacionadas a malformações no nascimento. Informe-se sobre exames e procedimentos que devem ser tomados na gestação, pois a mortalidade decorrente das cardiopatias é drasticamente reduzida quando todos os cuidados pré e pós-natais são instituídos.