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Telemedicina: diagnóstico de infarto em 10 minutos



Ao sofrer um infarto, muitos não têm como escolher onde querem ser atendidos, e acabam em serviços que não contam com um especialista naquele momento. Nesses casos, um grande aliado é a telemedicina. Por esse sistema, o eletrocardiograma do paciente é transmitido em tempo real para centros de referência com profissionais que podem auxiliar.

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O médico indiano Sameer Mehta explica como funciona a telemedicina aplicada ao infarto.

Em 10 minutos, o centro de referência manda o diagnóstico exato e as medidas mais adequadas a serem tomadas. Por exemplo, se o trânsito estiver carregado, o paciente fica no posto recebendo medicamentos. Mas, se for de madrugada, quando a possibilidade de remoção é melhor, o centro especializado começa a preparar a sala de cateterismo e, assim que a vítima chegar, tudo já está pronto. Todo o sistema é totalmente integrado, inclusive as ambulâncias.

O problema é que o Brasil já possui sistemas de telemedicina de diversas especialidades espalhados pelo país, mas nenhum dedicado exclusivamente ao infarto. Por conta disso, nos próximos meses, o projeto Lumen Global, comandado por um dos mais renomados cardiologistas do mundo, o médico indiano Sameer Mehta, vai treinar 20 hospitais de referência que serão “responsáveis” por unidades de saúde localizadas distante dos grandes centros e que não possuem especialistas ou estrutura suficiente. Esses hospitais auxiliarão o diagnóstico em casos de infarto, juntamente com a central de telemedicina da Lumen Global.

“O conceito é simples, pegar o que nós já temos, ou seja, a conectividade, a tecnologia digital, e aplicar na gestão dessa enfermidade para cujo tratamento o fator tempo é crucial. Não adianta criar hospitais de referência se o paciente chegar sem preparação. Dar um remédio caro, como os trombolíticos, se a ciência mostra que depois de três horas com dor no peito o efeito desse medicamento é limitado”, explica o cardiologista Roberto Botelho, diretor do Instituto do Coração do Triângulo, em Uberlândia e um dos diretores da Lumen Global no Brasil.

Não há dados concretos de quanto tempo demora o atendimento do infarto no Brasil, mas segundo Botelho, o indivíduo perde até 2 horas para efetuar o contato inicial com o médico. Depois, o retardo do sistema de saúde é de aproximadamente 400 minutos (quase sete horas). “A cada meia hora que se atrasa para atender a vítima, o índice de mortalidade aumenta em 7%”, ressalta ele.

“Hoje em dia, ninguém mais deveria morrer vítima de um infarto. A cada minuto que passa sem tratamento, o músculo cardíaco vai ficando cada vez mais danificado. Mas mesmo que o paciente esteja em áreas distantes e sem serviços especializados, por meio da telemedicina poderá receber um diagnóstico mais rápido e preciso”, afirma Sameer Mehta.

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