A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) passou a recomendar oficialmente, por meio da Diretriz de Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação, que pacientes que sofreram parada cardíaca decorrente de infarto sejam submetidos a hipotermia terapêutica. O objetivo da recomendação é evitar eventos posteriores, como o derrame.
No momento em que o coração para de bater, o cérebro, um dos órgãos que mais consome oxigênio, é um dos primeiros a sofrer. Alguns segundos depois da parada, ele ”desliga” e o indivíduo perde a consciência. Nesse momento, uma série de reações começa a acontecer no tecido cerebral, culminando na morte de células.
Reduzindo a temperatura corporal para 32°C no período de 24 horas, todo esse processo passa a ocorrer de maneira mais lenta. Assim que os batimentos cardíacos são restaurados, o paciente é resfriado com bolsas de gelo e recebe soro gelado, o que leva as células a consumirem menos energia, retardando o processo natural após o infarto.
De acordo com o cardiologista Sérgio Timerman, a técnica é conhecida desde a década de 50, mas só ganhou destaque a partir de estudos norte-americanos recentes. Pesquisas mostraram que um paciente ressuscitado por massagem cardíaca ou com o uso de desfibrilador passa a ter 33% mais probabilidade de sobreviver e se recuperar sem sequelas se for submetido ao resfriamento corporal.
“Era relativamente comum que uma vítima de infarto cujo coração chegou a parar e que foi atendida em um hospital falecesse alguns dias depois”, explica Timerman. Tais óbitos ocorriam principalmente por dois motivos: problemas neurológicos ou por falência do músculo do coração. Com a hipotermia, entretanto, o paciente é colocado em uma situação de “câmara lenta”, explica o médico. O metabolismo baixa, o organismo trabalha mais devagar e passa a ter mais condições de se restabelecer.