Em 2014 a equipe de transplantes do Incor somou 96 cirurgias, entre coração (44 em adultos e 24 em crianças) e pulmão (27 em adultos e 1 em criança) – 26% a mais do que em 2013 (76 operações). Mais do que colocar o Incor, pela primeira vez, na 7º posição do ranking dos 10 maiores centros de transplante cardíaco do mundo, o resultado renova as esperanças dos 125 pacientes que estão em fila de espera para transplante no Instituto (23 adultos e 22 crianças para coração e 80 adultos para pulmão).
Segundo o Dr. Fábio Jatene, presidente do Conselho Diretor do hospital, a organização das equipes de transplante num novo modelo de gestão foi um dos principais fatores na conquista do resultado do Instituto em 2014. O Núcleo de Transplantes do Incor foi criado em 2013 como uma área multiprofissional com foco exclusivo no transplante. Ao reunir num mesmo processo de gestão todas as equipes (cirúrgica, clínica e multiprofissional de transplantes de coração adulto e infantil e de pulmão), o Núcleo otimizou recursos, deu sinergia ao trabalho dos grupos e melhorou indicadores importantes, como o da taxa de mortalidade no pós‐cirúrgico imediato – no transplante cardíaco de adulto, essa taxa chegou a 10%, em 2014 ‐ número compatível, por exemplo, com a Cleveland Clinic (10%), maior centro de cardiologia dos EUA.
A dinâmica propiciada pelo Núcleo, explica o Dr. Fernando Bacal, cardiologista e coordenador do Núcleo, torna possível, por exemplo, o envio de equipe avançada do Incor para o hospital em que se encontra o potencial doador, de maneira a melhor avaliar o coração e o pulmão a serem doados.
Além de um enfermeiro, a equipe possui um profissional (médico, biomédico e biólogo) que realiza o exame de ecocardiografia para avaliação do órgão. O resultado é transmitido à beira do leito, por Whats App (telefonia celular), para análise da equipe de médicos ecocardiografistas de plantão no Incor. Se o resultado for positivo, é dado seguimento ao processo de captação, com envio da equipe de cirurgiões para o local.
A existência do Núcleo também torna rotineiras operações complexas como a de captação de órgãos em cidades distantes do interior paulista ou até mesmo de outros estados, utilizando voos comerciais e fretados e, não raro, helicópteros das Polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. Dos 96 transplantes realizados, praticamente a metade (47 órgãos) foi captada em localidades distantes mais de 100 km da Capital paulista, seja em São Paulo ou em outros Estados (como Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal, Minas Gerais e Goiás), com apoio da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
“Não fosse isso, essas vidas não seriam salvas”, diz o Dr. Bacal. Embora ainda em número insuficiente para atender toda a fila de espera do Incor, especialmente a de pulmão, o crescimento continuado do nível de doações no Brasil merece destaque nos resultados do Instituto. O potencial de crescimento aqui é grande, lembra o Dr. Jatene, já que apenas 56% das famílias entrevistadas, em situações de morte encefálica, aceitam e autorizam a retirada de órgãos para a doação, segundo dados do Ministério da Saúde.