Fatores de risco


Infarto e gênero: problema é mais grave nas mulheres



Até os 60 anos de idade, os homens têm mais propensão a desenvolver problemas cardíacos que as mulheres. A questão é biológica. “As mulheres têm o hormônio estrógeno, que confere certa proteção às coronárias, dificultando entupimentos e, consequentemente, a angina e o infarto”, explica o dr. Marcelo Cantarelli, próximo presidente da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista).

O estrógeno age no metabolismo do colesterol aumentando os níveis do colesterol bom (HDL) e diminuindo os do ruim (LDL). Isso diminui a chance de formar obstruções. Mas essa proteção vale para mulheres que não estão expostas aos fatores de risco. “Hipertensão, colesterol, diabetes, obesidade, estresse e hábitos nocivos como alimentação inadequada, sedentarismo e, principalmente, o tabagismo, superam a proteção promovida pelo estrógeno”, explica Cantarelli.

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Além disso, quando entram na menopausa, elas param de produzir estrógeno, o que as deixa mais suscetíveis a problemas cardíacos. E não adianta recorrer à reposição hormonal, “grandes estudos provaram que não há melhora na saúde cardiovascular das mulheres menopausadas”, explica o médico.

Infartos mais graves

Quando mulheres sofrem ataques cardíacos, elas têm duas vezes mais risco de morrer que eles, mesmo estando em condições iguais. “ O infarto é mais fatal nas mulheres. E quando saem ilesas, acabam ficando mais tempo internadas”, diz Cantarelli. Um dos motivos é que as artérias coronárias delas são mais estreitas, o que facilita o entupimento e o agravamento do infarto. Outro é a demora na procura do atendimento. “Apesar de serem mais cautelosas no cuidado com a saúde, elas demoram mais a procurar atendimento no caso de um infarto. A dor menos intensa e a preocupação de não se ausentar das tarefas do dia a dia podem ser algumas das explicações para isso.”

Os sintomas também são diferentes entre os sexos. Enquanto os homens vivenciam os clássicos sintomas de dores fortes no peito e formigamento no braço, as mulheres sentem fadiga intensa, náuseas e dor na boca do estômago. Como são sintomas mais genéricos, muitas vezes ela não se dá conta de que pode estar infartando e confunde com uma doença qualquer.

Independentemente do sexo, tanto homens quanto mulheres devem ficar atento à saúde do coração. No Brasil, uma pessoa morre a cada cinco minutos vítima de parada cardíaca (muitas vezes causada pelo infarto), sendo essa a primeira causa de morte no país. “Se há diferenças para homens e mulheres, os cuidados são iguais para ambos os gêneros. Identificar e controlar os fatores de risco, evitar o tabagismo e manter atividade física regular e alimentação saudável durante a vida é um dever de ambos”, finaliza Cantarelli.

Lembre-se: reduzir o número de mortes por infarto é uma atitude para todos.

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