A equipe de cardiologia do CHN (Complexo Hospitalar de Niterói), no Rio de Janeiro, realizou, no último dia 28 de junho de 2015, um procedimento cardíaco inédito na região: o implante de válvula mitral percutânea por via transapical em uma válvula nativa, ou seja, do próprio paciente. Essa alternativa terapêutica é menos invasiva e reduz os riscos cirúrgicos nos pacientes graves, portadores de estenose mitral — doença, em que a válvula não se abre completamente, reduzindo a passagem do sangue através do coração. A importância dessa técnica está na gravidade do quadro clínico do paciente que foi submetido a esse procedimento.
Com 62 anos, portador de insuficiência renal crônica e em programa de hemodiálise permanente, o paciente estava internado desde fevereiro, sem condições de alta hospitalar. Nesse contexto, o CHN é o primeiro hospital da América Latina e o terceiro do mundo a realizar essa técnica.
“Já fizemos, com igual sucesso, procedimento semelhante, porém, mais frequente, que é a instalação de prótese percutânea nova sobre uma prótese antiga disfuncional. A novidade nesse caso foi a implantação em uma válvula do próprio paciente.”, ressaltou Valdênia de Souza, coordenadora do CHN Cardiovascular.
De acordo com José Jazbik, cirurgião cardíaco do CHN responsável pelo procedimento, a prótese permitiu maior passagem de sangue até a artéria aorta, cuja função é distribuir o fluxo para todo o corpo. “Nesse paciente, o orifício da válvula mitral (que impede que o sangue recue para a aurícula depois que é bombeado para o ventrículo) era de 0,5cm de diâmetro, enquanto o normal é de 2,5cm, ou seja, o espaço para a passagem do sangue era mínimo. Além disso, seu sistema venoso periférico era todo obstruído, o que impedia o acesso para o coração. O paciente também é portador de insuficiência renal crônica e está em programa de hemodiálise permanente. O procedimento restabeleceu o fluxo sanguíneo normal, sem a necessidade de parar o coração e usar a circulação extracorpórea”, complementou o médico.
Além de segura, essa técnica beneficia o paciente, por necessitar de menor tempo de internação, apresentar recuperação mais rápida e menor taxa de complicações. “Para aqueles com condição de saúde delicada, o método convencional de implante valvar representa um risco muito elevado. Logo, o implante percutâneo transapical torna-se uma alternativa viável e segura para melhorar a qualidade e aumentar a expectativa de vida deles”, afirmou Jazbik.