De 1990 até 2006, a poluição em São Paulo diminuiu, principalmente porque a quantidade de material particulado expelido pelas fábricas reduziu. Contudo, o aumento dos congestionamentos e o crescimento da frota de veículos fez com que a poluição veicular fosse se agravando. Ela chegou a tal ponto que hoje sete mil pessoas morrem a cada ano em decorrência de doenças desencadeadas pela poluição na Região Metropolitana. Pelo mesmo motivo, a cidade de São Paulo, sozinha, perde quatro mil vidas.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) comprovou que um a cada cinco casos de doença cardiovascular tem como causa a poluição de ar. A USP confirmou em testes com taxistas e agentes de trânsito que o fato de trabalharem na rua aumenta a pressão arterial e torna o sangue mais coagulável, o que leva ao incremento do risco de um problema vascular.
Segundo Paulo Saldiva, professor de Patologia da USP e coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da universidade, a poluição causa os seguintes efeitos na saúde cardíaca:
1) A exposição ao ar de São Paulo ao longo do dia nas ruas aumenta a pressão diastólica em 15 mm de mercúrio. Não é muito problema para quem tem 12 x 8, mas o risco para os hipertensos aumenta muito.
2) Os fatores de coagulação se exacerbam, aumentando o risco de uma trombose ou de um AVC.
3) A poluição é arritmogênica (causadora de arritmias). Quem tem marca-passo, desfibrilador implantado ou tendência a arritmia pode ter uma crise em decorrência da estimulação dos receptores vagais no pulmão.
4) A poluição do ar reduz a capacidade de vasodilatação, isto é, quando o organismo tenta aumentar o diâmetro dos vasos sanguíneos, a reação não é tão eficaz como em uma pessoa que respira ar puro.
Para se prevenir, o médico recomenda ingerir bastante água e frutas durante o dia. Ande com os vidros do automóvel fechados (se necessário, ligue o ar condicionado). Se possível, tente trabalhar pelo menos uma vez por semana em casa (home office).