Um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) revela dados alarmantes sobre a saúde psíquica dos brasileiros: o país ocupa o 4º lugar no ranking dos países com mais pessoas ansiosas, ficando atrás apenas do Paquistão ( que lidera a pesquisa com 28% da população com quadro de ansiedade), dos Estados Unidos (25%) e da Colômbia (24%). Cerca de 23% dos brasileiros já tiveram algum transtorno de ansiedade ao longo da vida. E médicos cardiologistas recebem, com cada vez mais frequência, pacientes com transtornos de ansiedade manifestando algum problema cardiológico.
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Segundo o cardiologista Newton Rodrigues, do Hapvida Saúde (operadora de saúde) a ansiedade é a antecipação de uma possível situação de ameaça. “O medo é algo comum e protege as pessoas de diversos perigos. No entanto, quando a sensação de angústia é permanente, gera reações físicas e atrapalha atividades cotidianas, é preciso averiguar se a ansiedade ganhou um patamar patológico”, afirma o cardiologista.
Entre as principais queixas que Rodrigues recebe no consultório estão:
– Falta de ar
– Palpitações
– Dores no peito
– Dormência
– Formigamento
– Tremores em alguma parte do corpo.
“Do ponto de vista médico, a base bioquímica do ataque de pânico é a baixa de serotonina – neurotransmissor responsável pelas reações de prazer e bem-estar –, ocasionando diversos sintomas como a aceleração dos batimentos cardíacos, em uma resposta corporal às emoções intensas durante a crise. Por isso, é comum os pacientes ansiosos procurarem o cardiologista ‘achando’ que estão tendo um infarto”, explica.
Quando os profissionais recebem essas reclamações, são solicitados os exames de eletrocardiograma, teste ergométrico e holter para verificar se há algum problema cardiológico ou como o coração reagiu após a pressão da crise. Por vezes, por se tratar apenas de manifestações emocionais, não é constatada nenhuma desordem nos resultados.
O médico alerta, no entanto, que os sintomas nunca devem ser ignorados. “O pico de ansiedade, aumenta a produção de hormônios como cortisol e adrenalina, diminuindo o calibre das artérias – o que pode levar ao infarto ou ao AVC (acidente vascular cerebral). Por isso, é importante deixar de lado a vergonha social e a falta de tempo e sempre procurar a ajuda de especialistas que indicarão os tratamentos mais adequados”, diz.
Em alguns casos, o tratamento com medicação, psicoterapia e terapia ocupacional são suficientes. O acompanhamento dura, no mínimo, seis meses, mas pode perdurar por mais tempo, variando para cada paciente. “O uso de antidepressivo, ansiolítico e psicoterapia, aliados a prática regular de atividades físicas, alimentação saudável, boas noites de sono e tempo para se dedicar à lazeres aumentam sempre a qualidade de vida e são os métodos mais recomendados aos ansiosos”, finaliza.