Fatores de risco


Alta temperatura pode aumentar risco de infarto em até 10%



Couple on the beach having party, drinking and having funAs temperaturas elevadas do começo do ano, que giram em torno de 30 graus ou mais, dão boas-vindas ao carnaval que está chegando junto com o clima de festas e viagens. Se por um lado o calor é cobiçado por aqueles que vão aproveitar a data fora de casa, por outro ele exige mais atenção com a sua saúde, principalmente a do coração: os dias quentes podem aumentar o risco de infarto em até 10%.

Segundo o Dr. Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do HCor (Hospital do Coração), a temperatura elevada favorece a vasodilatação, processo caracterizado pelo aumento do calibre dos vasos sanguíneos, o que pode provocar mudança da pressão sanguínea. Os vasos são como canos de água, mas que passam sangue. Quando sofre vasodilatação, eles aumentam de diâmetro, mas a quantidade de sangue continua a mesma. Assim, a pressão com que chega até o coração e as células levando oxigênio não continua a mesma. É como a diferença da força com que a água sai de uma mangueira se nós tampamos uma parte da saída: a água sai com mais força. No caso dos vasos dilatados, é o contrário, a pressão é reduzida, fazendo com que menos sangue circule e esse chegue em menor quantidade ao seu destino final (órgãos e tecidos de todo o corpo).

Álcool, fumo e alimentação agravam os riscos

Em indivíduos que não apresentam problemas cardíacos, esse processo resulta em possíveis casos de queda da pressão arterial, além de desidratação, que gera desmaio, tontura e arritmia cardíaca. “Já naquelas pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, essa baixa pressão pode causar infartos, pois o coração se esforça mais tendo que bombear baixa quantidade de sangue”, explica Abrão.

A desidratação pode ocorrer porque, na necessidade de estabilizar a temperatura corporal, nosso corpo transpira, pois a saída de água para a superfície da pele nos mantém frescos. Os pacientes sob intensa vasodilatação perdem água e sais minerais pelo suor, o que aumenta ainda mais o risco de problemas cardiovasculares. A alimentação rica em sódio e gordura e o consumo de bebidas alcoólicas, comuns nessa época do ano, aumentam o risco, pois o álcool inibe a produção do hormônio antidiurético (HAD) (todo mundo já viu como vai mais ao banheiro quando está tomando cerveja). Para quem não abre mão da ingestão de bebidas alcoólicas, há recomendações para evitar a desidratação. “A cada copo de caipirinha são sugeridos dois copos de água, um antes e o outro depois da ingestão da bebida alcoólica”, sugere o cardiologista do HCor.

Segundo o médico, para os fumantes, o problema pode ser ainda maior. “Com a baixa pressão interna, a oxigenação das células é menor. Inalando fumaça, ela reduz ainda mais. O risco de um fumante ter problemas cardiovasculares aumenta de três a cinco vezes, variando de acordo com a quantidade que se fuma”.

Nos hipertensos ou portadores de alguma doença cardiovascular que façam uso de medicação, o ideal é consultar um médico e informá-lo que estará em um ambiente mais quente durante um período. Se for necessário, o profissional realizará ajustes na dosagem da medicação do paciente. “Para evitar complicações, é imprescindível realizar check-up cardiológico anualmente, praticar exercícios físicos com orientação de profissional qualificado, consumir alimentos saudáveis e evitar gorduras e sal em excesso”, finaliza Dr. Cury.

Veja Também