Conhecido como ataque cardíaco, o infarto do miocárdio é causado pela obstrução de uma artéria coronariana e a consequente ausência ou redução da circulação sanguínea na região do coração irrigada por aquela artéria. O quadro clínico é característico: dor torácica intensa e prolongada, queimação nas regiões próximas ao coração, suor frio, palidez, náuseas, vômitos e desmaio.
Mas o infarto coronariano é sempre súbito? De acordo com a cardiologista Ana Cláudia Rollemberg, especialista pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), a resposta é sim. “Porém, em alguns casos a pessoa pode manifestar sintomas horas ou até dias antes do infarto. Essa condição pode indicar que já há obstrução de uma artéria coronária.”
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Quando ocorre um infarto, há uma brusca interrupção da passagem do sangue para o miocárdio, o músculo cardíaco, devido ao entupimento completo e súbito de uma artéria coronária. “É comum dor torácica intensa e prolongada, geralmente como sensação de aperto mas podendo ter características de queimação no lado esquerdo do coração, com extensão para a mandíbula, braço e parte superior do abdômen”, explica Rollemberg. Também pode ocorrer suor, palidez, náuseas, vômitos e desfalecimento, além de sintomas como queimação no estômago. Em casos extremos, a primeira manifestação pode ser uma arritmia grave, seguida de parada cardiocirculatória e morte súbita.
O infarto coronariano é sempre um quadro agudo, não há como uma pessoa estar “infartando há dias”. O que confunde algumas pessoas é que os sintomas podem começar dias ou horas antes. “Clinicamente, trata-se de um quadro chamado angina instável”, afirma Rollemberg. Isso não significa que o infarto já exista, e sim que possivelmente já exista uma artéria coronária com placas de gordura prejudicando a passagem do sangue oxigenado para o miocárdio. “Uma placa de gordura que obstrui o vaso pode causar dor (angina) aos menores esforços. Quando o entupimento fica mais grave, forma-se um coágulo sobre a placa que causa a obstrução completa e súbita. Aí sim inicia-se o quadro de infarto, com morte celular e risco iminente”, explica o dr. Hélio Castello, cardiologista e coordenador da campanha Coração Alerta.
Antes que o infarto efetivamente ocorra, é necessário tomar algumas medidas rapidamente. “A condição clínica deve ser prontamente reconhecida. Não se pode subestimar uma dor no peito intensa”, alerta Rollemberg. Segundo a médica, a terapia deve ser individualizada conforme idade, gravidade e sintomas do paciente, e se divide em:
Além disso, a rotina de avaliação cardiovascular preventiva propicia o diagnóstico antes mesmo dos sintomas serem reconhecidos, com menor risco ao paciente.
Muitos pacientes convivem muito tempo com esses sintomas iniciais, e conseguem fazê-lo porque o corpo encontra meios de manter seu funcionamento. “O organismo pode liberar substâncias que promovem a vasodilatação — o calibre dos vasos sanguíneos aumenta –, compensando a redução do fluxo. O indivíduo continua vivendo, mas os sintomas passam são limitantes e servem de alerta para que o paciente procure o atendimento médico”, explica a cardiologista. Segundo o dr. Castello, às vezes o próprio paciente contribui para postergar a procura de ajuda médica. “Muitas vezes o indivíduo limita seus esforços como forma inconsciente de se proteger.”
É verdade que pessoas que praticam atividades físicas criam vasos sanguíneos “extras”?
Não. O nosso organismo já possui uma circulação colateral (rede de vasos que se forma na região de um vaso maior obstruído, na tentativa de manter a irrigação sanguínea), mas normalmente essa rede se mantém fechada. O que acontece é que pessoas que praticam atividades físicas têm mais chance de desenvolver essa circulação colateral, que ajuda em caso de obstrução grave. A circulação colateral no leito coronariano, quando desenvolvida, não chega a evitar o infarto, mas pode diminuir sua extensão e os efeitos adversos, protegendo o miocárdio durante as primeiras horas de isquemia. Dessa forma, o infarto e suas complicações podem ser reduzidas.