O uso do aparelho desfibrilador em emergências pelos funcionários do Metrô de São Paulo garantiu que 53% dos passageiros vítimas de ataque cardíaco chegassem com vida ao hospital. Esse índice de socorro bem-sucedido é semelhante ao de aeroportos americanos, japoneses e europeus.
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A constatação foi publicada recentemente no Journal da American Heart Association, no estudo intitulado “A sobrevivência após parada cardíaca em fibrilação ventricular no Metrô de São Paulo – O primeiro programa de sucesso na América Latina para o uso do desfibrilador”, produzido em conjunto por médicos do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo, Metrô-SP e Universidade do Arizona, dos Estados Unidos.
Desde 2006, o Metrô já contava com desfibriladores em todas as suas estações. Ao longo desses nove anos, foram registrados 104 ocorrências de fibrilações ventriculares, sendo que 55 passageiros recuperaram os batimentos cardíacos após a utilização do aparelho.
Quando os funcionários do Metrô são avisados via rádio ou há a visualização de que está acontecendo uma suspeita de parada cardíaca, os agentes mais próximos verificam as condições do passageiro e avaliam a capacidade de respiração espontânea. Se for confirmada a parada cardíaca, o funcionário da estação metroviária inicia as manobras manuais e o desfibrilador é ativado e conectado ao passageiro. Na sequência, o aparelho emite coordenadas por avisos sonoros e indica se há ou não a necessidade de aplicar os choques.
As manobras de reanimação por parte dos agentes continuam até que a vítima recupere sua circulação espontânea ou até que chegue o atendimento emergencial. Posteriormente, o passageiro é encaminhado para o hospital mais próximo da estação onde o fato ocorreu.
Estudo inédito atesta sucesso do programa no Metrô
O trabalho, de autoria de Renan Gianotto Oliveira, Maria Margarita Gonzalez, Caio Brito Vianna, Maurício Monteiro Alves, Sergio Timerman, Roberto Kalil Filho e Karl B. Kern, acompanhou — entre setembro de 2006 a novembro de 2012 — 62 pacientes que tiveram paradas cardíacas em estações do Metrô para verificar se houve sequelas ou comprometimento neurológico.
Do grupo estudado, 34 pacientes permaneceram vivos durante a internação. Desses, 23 receberam alta hospitalar com o mínimo comprometimento. Com base nesses números, o estudo concluiu que 37% dos usuários que sofreram parada cardíaca sobreviveram à alta hospitalar. Foi verificado que o curto intervalo entre a parada cardíaca e a desfibrilação foi fundamental para que a parte neurológica ficasse intacta.